Desabafo em tempo de Covid 19

Já pararam para pensar no que a nossa vida se tornou com a descoberta do Covid 19? Nos seres vulneráveis que nos tornamos e que a invencibilidade que achávamos que tínhamos desapareceu...

Já lemos e ouvimos muitos dizerem que este vírus trouxe muitas coisas boas, eu inclusive. A natureza está positivamente irreconhecível, as águas cristalinas, o céu azul e o ambiente respirável.
As queixas da falta de tempo para a família e para a casa tornaram-se oportunidade, os shoppings e as praias passaram a não serem importantes nas nossas vidas... Mas é o resto?

Tudo aquilo que faz de nós seres humanos... A alegria, a vontade, os sonhos, a vida... Tudo isto foi-nos roubado... E não me venham, por favor, com falsos moralismos de que a vida é o mais importante e bla, bla, bla... Claro que a vida é o mais importante, nunca disse o contrário. Mas que mais é a vida, a nossa passagem pelo planeta Terra, que a junção das nossas vivências, da nossa felicidade, da luta e concretização dos nossos sonhos e desejos.

Há pessoas que cancelaram casamentos, projetos de vida, abraços e despedidas que nunca mais serão recuperados, mães que parem sozinhas e pais que não vêm os filhos nascerem... Dor e medo, muito medo..
Claro que muitos vão dizer que essas festas/projectos se poderão fazer à frente e eu direi que talvez sim, talvez não. O que vamos viver até lá vai mudar tudo, por isso posso muito bem dizer raios partam este Covid, raios partam este medo e insegurança, raios partam isto tudo...

Ninguém está bem, ninguém está feliz e ponto. Quantos de nós já acordou bem disposto capaz de enfrentar o mundo e depois de ler uma notícia ou ver o telejornal muda de humor?
Quantos de nós têm medo de perder um familiar e sem sequer se poder despedir? Quantos de nós têm medo pelos nossos filhos?
Quantos de nós reza para que os profissionais de saúde tenham sempre forças?
Quantos de nós reza?
Quantos de nós faz promessas?
Quantos de nós tem medo do futuro?
Quantos de nós quer que isto seja só um pesadelo e que acabe no mesmo momento em que abrimos os olhos?
Quantos de nós...